segunda-feira, 22 de abril de 2013

Antes de nascer o mundo


"Vês como fico pequena quando escrevo para ti? É por isso eu nunca poderia ser poeta. O poeta se engrandece perante a ausência, como se a ausência fosse o seu altar; e ele ficasse maior que a palavra. No meu caso, não, a ausência me deixa submersa, sem acesso a mim. Este é o meu conflito: quando estás, não existo, ignorada. Quando não estás, me desconheço, ignorante. Eu sou só na tua presença. E só me tenho na tua ausência. Agora eu sei. Sou apenas um nome. Um nome que não se acende senão em tua boca."


 (COUTO, 2009, p. 132)